ANA - Análise de Negócios no Amazonas
INTRODUÇÃO
- Procedemos à análise de curto e médio prazo do ambiente de negócios do estado do Amazonas. Espera-se que, ao longo dos sucessivos estudos mensais, consigamos demonstrar o efeito das políticas, decisões dos agentes econômicos, dinamismo das transações e bem-estar social da população amazonense. Especial ênfase prestaremos a mudanças em torno dos instrumentos financeiros, estratégias corporativas e inovação;
- ESTRUTURA DO RELATÓRIO: Esta edição se apresenta na seguinte estrutura: Nesta introdução, além de explicar os objetivos do relatório, há breve relato dos grandes números da economia amazonense, com destaque ao perfil do Produto Interno Bruto - PIB. Depois, há análise geral dos indicadores mensais de atividades. A terceira fase contém análise detalhada dos três principais setores, Comércio, Serviços e Indústria, buscando dados com máxima capilaridade. A quarta etapa apresenta dados gerais de importações, e empregos, posto que são os de periodicidade mais imediata. A penúltima seção é de tema livre, como agora analisamos excepcionalmente as estimativas de formação de estoque no Polo Industrial de Manaus. As conclusões apontam para uma avaliação geral da economia amazonense no mês de junho de 2025 e perspectiva para os meses seguintes;
- O principal indicador econômico, o Produto Interno Bruto, ou PIB, expresso pelo Valor Adicionado mais os impostos sobre Produto ou Produção são publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os estados brasileiros com defasagem de dois anos. Agora são disponíveis apenas dados sob a ótica da produção para até o ano de 2022, e sob a ótica da renda, que inclui os tributos, somente até 2021;
- Estudo de Costa, Rocha e Machado (2024), com os dados de 2021, demonstraram as proporções da economia amazonense ante região Norte e Brasil. Na composição do PIB da região Norte, a economia amazonense corresponde a 29,4% do Valor Bruto da Produção, 37,3% do Consumo Intermediário, 21,8% do Valor Adicionado, 24,1% das Remunerações, 19,9% do Excedente Operacional, e 35,3% da arrecadação de impostos sobre produção. Essa arrecadação faz com que o Amazonas tenha elevada carga tributária sobre o valor adicionado, em uma proporção de 18,2%. Essa carga tributária, para o Brasil como um todo, é de 15,5%, e para a região Norte é de 12,1%. O estudo de Costa, Rocha e Machado (2024) aponta como provável causa dessas proporções o fato de a economia amazonense ser, entre os estados brasileiros, a com mais forte base em indústria da transformação, que é origem de 52% do Valor Bruto da Produção do Amazonas;
- De 2021 a 2022 o Valor Adicionado da economia amazonense, sem considerar os tributos, aumentou de R$ 109,2 para R$ 121,8 bilhões. Aumento de 11,5%. Permite deduzir que as proporções encontradas por Costa, Rocha e Machado (2024) com dados de 2021 evoluíram em 2022 de modo a acentuar a relevância da economia amazonense;
- Para 2023 em diante o principal indicador disponível para acompanhar o desempenho econômico dos estados brasileiros é o índice IBCR, sigla para Índice Banco Central da Atividade Econômica Regional. Para o Amazonas o dado é publicado sob a sigla IBCR-AM. Esse índice tem duas versões, uma nominal e outra ajustada para reduzir os efeitos da sazonalidade. O Banco Central do Brasil (Bacen) publica esse índice em versões regionais e nacional, como um indicador prévio do PIB nacional, que é divulgado trimestralmente, sob a sigla IBC-Br. O Bacen compõe os índices IBC's pelas pesquisas setoriais efetivadas pelo IBGE em contato direto com os agentes econômicos e divulgadas mensalmente. São a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF).
- Essas pesquisas são os direcionadores das análises setoriais deste relatório. Seus valores são apresentados nas tabelas 01 a 03 e nos gráficos seguintes. Os gráficos trazem os dados desde janeiro de 2023, e sempre que disponíveis, as versões nominais e as versões ajustadas pela sazonalidade (dessazonalizadas). As versões dessazonalizadas são destacadas nas legendas pelos parênteses "(Saz)", e as linhas são pontilhadas. Quando não houver legenda com parênteses (Saz) é porque não há versão dessazonalizada;
- Os índices IBC's e das pesquisas mensais do IBGE usa como base 100 a média da produção do ano de 2022. Como exemplo de interpretação, o valor divulgado pelo IBGE para o volume de produção física da indústria de transformação do Amazonas foi 102,79. Ou seja, em junho de 2025 o volume de produção da indústria de transformação do Amazonas foi 2,79 pontos percentuais acima do nível médio mensal da produção de 2022. A divulgação costuma ocorrer com defasagem de dois meses. Abaixo as tabelas 01 a 03 resumem a evolução recente do IBC-Br, IBCR-NO, IBCR-AM, PMS, PMC e PIM-PF. Em seguida, há os gráficos e análises;
ECONOMIA GERAL
Em perspectiva geral, a economia amazonense encerrou o mês de junho em forte redução. As tabelas 01 a 03 e o gráfico 01 apresentam os resultados para os principais indicadores econômicos divulgados pelo Banco Central e pelo IBGE, com ênfase ao mês de junho. O índice IBCR-AM divulgado pela versão não ajustada pela sazonalidade foi de 107,71, 6,19% inferior ao valor de maio de 2025. Na versão em que o indicador é ajustado pela sazonalidade, contudo, houve aumento de 1,02%, chegando ao valor de 111,76. A elevada diferença entre a versão nominal e a ajustada pela sazonalidade indicam que a forte queda é típica para o mês de junho. Os demais indicadores confirmarão, a raiz da queda foi na produção da indústria de transformação, com queda de 8,21% no índice PIM-PF (T), a produção física da indústria de transformação.
- O gráfico 01 compara o desempenho histórico do Brasil, Norte e Amazonas, de janeiro de 2003 a junho de 2025. O histórico mostra que a economia amazonense costuma ter desempenho melhor e mais volátil que a do Brasil e da Região Norte. Com destaque aos períodos de 2008 a 2013, e a partir de 2020, o período pós-pandemia. O pior período da economia amazonense foi de 2014 a 2018. O gráfico 1b, em um enfoque de mais curto prazo, como será no restante do relatório enfatiza os últimos três anos. Nessa perspectiva fica evidenciado que o Amazonas tem registrado desempenho superior à média nacional. Contudo, inferior ao conjunto dos estados da Região Norte.
COMÉRCIO
- Os resultados da pesquisa PMC trazem índices para duas abordagens, receita e volume físico de vendas, e as amostras são em dois níveis, a restrita considera todos os comércios de gastos recorrentes do consumidor, como supermercados e combustíveis. A ampliada inclui dois setores que expressam um gasto excepcional dos consumidores, como materiais de construção e meios de transporte, entre eles automóveis;
- Os gráficos 02 a 05 apresentam o histórico desses quatro vieses. Entre as conclusões: (i) Os índices de receita são historicamente acima dos índices de volume. É uma forma de ver a inflação. Os valores de junho de 2025 são, para a amostra restrita, 114 para receita e 104 para volume. Para a amostra ampliada, 118 para receita e 107 para volume. Em outras palavras, os comerciantes têm aumentado o faturamento mais pelo aumento de preços que pelo aumento da quantidade vendida; (ii) O nível da amostra ampliada é maior que na amostra restrita, tanto para receita quanto para volume. Indica que nos últimos anos o mercado de automóveis, motocicletas e suas peças, e de materiais de construção, expressou, aumento maior que nas áreas de gastos correntes, como supermercados e combustíveis; (iii) O movimento de junho é de típica acomodação posterior ao mês de maio, que é pico no comércio pelo dia das mães. O resultado é positivo ao se perceber que os valores de junho são superiores aos valores de abril, em todas as dimensões da pesquisa;

- O indicador de maior capilaridade para o comércio amazonense é o da venda de combustíveis pelas distribuidoras, divulgado pela Agência Nacional de Petróleo - ANP. O histórico é semelhante aos padrões apontados pela PMC, com o primeiro semestre de 2025 ligeiramente superior ao primeiro semestre de 2024. O ápice costuma ser no fim do ano e no mês de junho costuma haver acomodação após aumento em maio. O Amazonas consumiu 185 mil metros cúbicos em combustíveis no último mês de junho;
- Apesar de estar relacionado ao Comércio, a venda de combustíveis conforme divulgada pela Agência Nacional de Petróleo - ANP, não compõe o mesmo objeto da pesquisa PMC. Este é varejo, aquele é atacado. Mas conclusões interessantes podem ser extraídas. Destaque à acentuada queda em novembro de 2023, na primeira ocasião histórica de suspensão da navegabilidade nos rios amazônicos em virtude da estiagem. Mantivesse a tendência, poderia ter arriscado o abastecimento de combustíveis nos postos amazonenses;
SERVIÇOS
- Os valores da pesquisa PMS trazer conclusão semelhante à da PMC quanto à diferença entre receita e volume. Na verdade, os resultados mostram que a diferença entre receita e volume ofertados, no Amazonas é mais grave no setor de serviços. No Amazonas está havendo forte inflação no setor de serviços. Em junho o valor PMS foi 123 para receita, ou 23 pontos percentuais acima da média de 2022, enquanto o indicador de volume foi 111, ou 11 pontos percentuais acima da média de 2022;
- A pesquisa PMS compõe os serviços fortemente pelas atividades de turismo e transportes. No Amazonas, os números de maior capilaridade são os divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Antaq, para o transporte fluvial de cargas, e pela Agência Nacional de Aviação Civil, Anac, para o transporte aéreo, de cargas e passageiros;
- O Amazonas se destaca no transporte fluvial de cargas pelos maiores portos fluviais de contêineres do Brasil, Chibatão e Super Terminais, mais voltados à logística de transportes do Polo Industrial de Manaus - PIM, enquanto Hermasa e Novo Remanso são relevantes portos de granéis sólidos para transbordo dos produtos do agronegócio do Centro-Oeste. Os dados da Antaq para transporte fluvial de cargas mostram o total movimentado em toneladas, que incluem as cargas a granel e conteinerizadas, e o total movimentado em TEU's (unidade equivalente a um contêiner de vinte pés). Gráficos 09 a 13;
- O pico de movimentação das cargas a granel costuma ocorrer no primeiro semestre do ano, coincidindo com a colheita da soja do noroeste do Mato Grosso. No último mês de maio ocorreu o recorde histórico de movimentação de cargas no Amazonas, com 4,6 milhões de toneladas, incluindo granéis e contêineres, embarques e desembarques. Naquele mês recorde também foi para considerando apenas os granéis sólidos, com total de 2,5 milhões de toneladas. O pico de movimentação neste primeiro semestre de 2025 ocorre pelos elevados volumes em ambos os grandes vetores logísticos do Amazonas: Os contêineres para o PIM e os granéis para o agronegócio do Centro-Oeste. No mês de junho há uma acomodação para os dois vetores. Devendo retomar com ênfase para a logística do PIM no segundo semestre.
- O aeroporto Eduardo Gomes desempenha papel fundamental para a economia amazonense devido o transporte de insumos e produtos de maior valor agregado relacionados às cadeias produtivas do PIM. Destaque a produtos químicos, eletrônicos e bens de informática, e metais raros. Como se percebe no gráfico 13_a, estes setores não estão, no primeiro semestre de 2025, com desempenho muito superior ao mesmo período de 2024. Em 2023 e 2024 o aeroporto foi ainda mais importante no último quadrimestre como solução em meio à Seca, que restringiu o transporte fluvial;
- Dentre os dados capilares do setor de Serviços, a movimentação de cargas no aeroporto foi o único em que o volume em 2025 está inferior a 2024. A recordar que o volume de Serviços, nas pesquisas PMS, estão inferiores à receita, percebem-se três possibilidades: (i) Mesmo com o acréscimo de volume nos portos, os preços portuários elevaram-se ainda mais, (ii) Os preços aeroportuários elevaram-se em proporção bem maior que dos preços portuários ou (iii) Os preços elevaram-se mais nos setores não alcançados pelos dados capilares, como turismo;
INDÚSTRIA
- O estado do Amazonas apresenta perfil peculiar quanto à produção industrial. A Indústria Geral é composta, em divisão elementar, pela indústria de transformação e indústria extrativista. É o estado em que a indústria de transformação inscreve a maior participação no PIB. A indústria extrativista é composta basicamente pela extração de hidrocarbonetos, petróleo e gás natural. A indústria de transformação tem, em um ambiente menor, a refinaria REAM, o processamento do petróleo. Em ambiente maior, tem o Polo Industrial de Manaus, com aproximadamente 600 empresas que usufruem dos incentivos da Zona Franca de Manaus em projetos industriais, onde produzem aproximadamente 1.900 diferentes produtos, mas a maior parte do faturamento é concentrada em dez produtos, tais como televisores, motocicletas, ar-condicionado e placas de circuito impressos;
- O IBGE acompanha a indústria por índices de produção física. Os gráficos 14 a 16 mostram os resultados gerais. Consecutivamente, indústria geral, extrativista e transformação. Depois há seções particulares para a indústria extrativista e de transformação. O indicador da Indústria Geral teve seu ápice no início de 2023. Naquela época ambos os lados da indústria estavam com elevada produção. No primeiro semestre de 2025 a indústria extrativista tem mantido sua produção abaixo da média de 2022, isso tem contido severamente o desempenho da indústria geral. A indústria de transformação, por sua vez, tem se mantido acima da média de 2022. Contudo, há que realizar nova decomposição entre o PIM e a Ream. O pico de março de 2023 provavelmente foi ocasião em que PIM e Ream coincidiram elevada produção, e isso não tem se repetido desde então;
Indústria extrativista
- O Amazonas tem longa tradição em hidrocarbonetos, com os dados recentes expressos nos gráficos 17 a 19. Cadeia completa, exploração, refino e distribuição. Pioneiro no refino. Contudo, não tem sido mais autossuficiente. O consumo de derivados de petróleo está em torno de 180 mil metros cúbicos por mês. A produção de petróleo, em pouco mais de 50 mil metros cúbicos. É uma produção pequena e declinante, mas de elevada qualidade, com ocasiões que marcam 60º API. O Amazonas também tem produção de gás relevante, onde encontra autossuficiência para a produção de energia elétrica, abastecendo termoelétricas na cidade de Manaus. Hoje, a extração de gás registra o montante de 430 milhões de metros cúbicos. Também está bastante aquém das máximas de 2023, quando registrou 460 milhões de metros cúbicos;
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Indústria da transformação
- O indicador de produção física da indústria transformação do Amazonas, o PIM-PF, divulgado pelo IBGE, decresceu em 8,2% de maio para junho de 2025, de 112 para 103. Em maio estava no terceiro maior nível dos últimos 12 meses. Essa queda foi, repita-se, a causa maior para o decréscimo no IBCR-AM, o indicador geral de desempenho econômico do estado;
- Por sua vez, os maiores motivos para a queda no índice PFM da indústria de transformação do Amazonas foram os subsetores de fabricação de máquinas e produção de combustíveis. Nesse ponto há forte contraste entre os números do IBGE e os dados capilares da ANP, de produção da Refinaria do Amazonas. Pelo índice PFM a produção de combustíveis havia caído em 29% de maio para junho. Contudo, por dados da ANP, a produção da Refinaria do Amazonas elevou-se em 13% no mesmo período, de 70 para quase 80 mil metros cúbicos. Esse contraste costuma ocorrer pelos metadados da pesquisa PFM enfatizarem a produção de óleo diesel. Contudo, dessa vez mesmo a produção de óleo diesel pela refinaria aumentou. Os dados da ANP também alcançam o mês de julho, antecipando um movimento em que a produção da refinaria aumentou em 88%, marcando 150 mil metros cúbicos;
- De modo peculiar quando em comparação ao restante do Brasil, o Amazonas tem para a indústria de transformação dados detalhados acerca de faturamento, aquisição de insumos, quantidade de empresas, e produção dos itens de destaque. É devido à atividade de monitoramento e fiscalização efetivada pela autarquia Superintendência da Zona Franca de Manaus, Suframa, que administra o usufruto de incentivos tributários da Zona Franca de Manaus. Do relatório mensal da Suframa destacamos, nos gráficos 21 ao 27, e na tabela 04, o faturamento do Polo Industrial de Manaus;
- O primeiro semestre de 2025 foi excelente para o Polo Industrial de Manaus em termos de faturamento. O gráfico 21 aponta que, exceto junho, ao longo do primeiro semestre de 2025 o nível de faturamento foi tão elevado quanto os melhores meses de 2024. Contudo, neste último mês de junho ocorreu novamente o movimento de queda típico para o meio do ano, como o gráfico demonstra que ocorreu para os três últimos meses. É o período em que as fábricas do PIM renovam o planejamento do ano, para os picos de produção do segundo semestre. Em junho o faturamento do PIM caiu de R$ 19 para R$ 17,4 bilhões, queda de 8,7%. Comparando acumulado dos primeiros semestres, o ganho em 2025 é de quase 14%;
- A Tabela 04 destaca os menores setores do PIM. Há destaques aos setores de Vestuário e Calçados, com crescimento tanto na base semestral quanto mensal. Todos os demais tiveram queda na comparação ante mês imediatamente anterior. Os demais, Madeireiro, Têxtil, Relojoeiro e Brinquedos, tiveram evolução similar no consolidado do semestre. O Relojoeiro se destaca pelo volume geral, mas forte redução no último mês;
- Abaixo os gráficos 22 a 27 apresentam o histórico de faturamento dos seis maiores setores do PIM. Quase todos esses grandes setores têm registrado melhoras consistentes no faturamento. O desempenho mais claudicante tem sido reportado para Bens de Informática, que tem lidado com demanda enfraquecida para telefones celulares. Em abril, por exemplo, o faturamento desse setor foi inferior o registrado para o mês nos dois anos anteriores. O vetor de sustentação de eventuais bons números, como em janeiro e fevereiro de 2025, foi a forte produção de PCIs, as placas de circuito impresso;
- Os desempenhos superiores são reportados para Duas Rodas, Termoplástico e Mecânico. O setor de Duas Rodas tem visto seu principal produto, as motocicletas, usufruírem de não apenas o ganho na massa salarial brasileira, como também de uma fonte de renda pelos serviços de aplicativos logísticos e inovações em transição energética. O setor Termoplástico é ao mesmo tempo fornecedor de insumos para os outros setores como também tem fornecido produtos para outros ambientes da economia brasileira como o agronegócio. O Setor Mecânico teve do início de 2024 ao início de 2025 uma demanda surpreendente por ar-condicionado, atendida fartamente por produtos mais modernos, novos desenhos e tecnologias. Contudo, forte queda no faturamento está ocorrendo por provável excesso de oferta do mercado, como se evidenciará no último tópico;
O que esperar para os meses seguintes
- Os dados de comércio exterior costumam ser, no Brasil, entre os de maior prontidão. Em meados de agosto o ComexStat já divulgara os dados para julho. Os dados de importação são particularmente importantes para a dinâmica peculiar da economia amazonense, altamente baseada no Polo Industrial de Manaus. A lógica econômica do ciclo produtivo do PIM consiste em importar insumos para fabricar em Manaus e vender ao mercado interno brasileiro. Assim nós obtemos os dados do ComexStat e, para aproximá-lo da realidade da economia amazonense, excluímos as classes de importados que são menos pertinentes aos ciclos produtivos do PIM, como hidrocarbonetos, sal e grãos. Nesse procedimento identifica-se, no gráfico 30_a, para julho forte alta nas importações do Amazonas, antecipando o que deve vir de melhora para o segundo semestre como um todo e os meses de julho e agosto em particular;
- Em julho o PIM importou quase US$ 1,4 bilhão, montante 27% maior que em junho. O movimento costuma ocorrer, mas em mera recuperação, voltando ao patamar de importação de maio, como foi em 2023. Em 2024 a retomada em julho fora muito forte devido à antecipação das compras de insumos nos meses de julho e agosto, para evitar o acréscimo de custos logísticos no período de estiagem dos rios amazônicos, que em máxima instância pode ocasionar quebras de contratos. Que o movimento neste julho de 2025 seja tão semelhante pode indicar que, despeito os dados meteorológicos não preverem estiagem severa, as empresas do PIM estão procedendo à compra antecipada de insumos;
- O gráfico 30_b detalha as importações para o PIM vindas apenas pelo modal aéreo. Repete conclusão anterior, de nível geral e trajetória desfavoráveis para importação de insumos de maior valor agregado;
- O gráfico 31 e a Tabela 05 demonstram a evolução dos empregos formais, conforme a base de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Com acréscimo de 1.011 vagas, o Amazonas encerra o mês de julho com 566.350 empregos formais. Dessa vez o vetor de empregabilidade foi o Comércio, com 1.105 vagas, disseminadas entre seus diversos setores. A indústria dessa vez foi o único grande setor que não teve ganhos líquidos de empregabilidade. Os setores de Informática e Eletrônicos registraram demissões líquidas de 848 trabalhadores, demonstrando prognóstico preocupante para o segundo semestre. Em compensação o segundo maior empregador do PIM, Duas Rodas e Naval, acrescentaram 220 vagas;
Análise especial: O nível de estoque de produtos finais
- A Tabela 05 e o gráfico 31 apresentam estimativas de lacuna ou excesso de estoque para os principais produtos do PIM. A Suframa costuma divulgar o acompanhamento dos principais produtos em termo de produção e vendas no acumulado do ano. A estimativa de excesso de estoque resulta do confronto entre a quantidade produzida e vendida no período. Reincide que as TVs estejam sendo produzidas em excesso. Porém, em 2025, com a produção excedendo as vendas em quase 400 mil unidades, a situação está bem mais grave que em 2024, quando a produção excedeu as vendas em pouco menos de 200 mil unidades. Agora, a situação está particularmente grave para os condicionadores de ar. O valor em estoque nesses itens está próximo a R$ 640 milhões, obtido ao somar os sistemas split, e o que é tratado à parte das unidades condensadoras e evaporadoras;
- No primeiro semestre de 2024 o consolidado da produção superava as vendas em apenas R$ 40,5 milhões. Agora, no primeiro semestre 2025 excede em aproximadamente R$ 2,5 bilhões. Trata-se de provável excesso de produção, em má interpretação da realidade do mercado. A situação é de particular interesse no setor de ar-condicionado. O ano de 2024 iniciou com a produção de ar-condicionado multiplicando em quase dez vezes. Tudo vendido. 2025 iniciou ainda melhor. Contudo, ao fim do primeiro trimestre de 2025 começou a ser evidenciado um comportamento de retardatários. Fabricantes prosseguiram com produção elevada com o mercado já atendido. Em provável expressão do "efeito chicote".
CONCLUSÃO
- Em junho de 2025 a economia amazonense expressou redução no nível de atividade, devido ao movimento típico do meio de ano, em que o Polo Industrial de Manaus costuma reduzir sua produção, em preparação para o pico de produção no segundo semestre;
- Análise da estrutura de volume e receita em comércio e serviços apontam para um caminho de identificação da inflação. Os índices de receita estão em nível bem superior aos índices de volume;
- Análise das importações antecipam para julho o movimento de retomada típico para este mês. Também há indício de antecipação de compra de insumos ante o período de baixa dos rios amazônicos;
- Para o restante do segundo semestre a perspectiva ainda é que seja superior a 2024. Porém, o excesso de estoque de produtos acabados e o elevado nível de demissões em Eletrônicos e Bens de Informática são sinais de alerta.
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Departamento de Contabilidade